quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Como se tornar uma ogra misantropa



Então, se você acompanha o NUPE desde o começo, você deve ter percebido que a gente costumava postar muito mais coisas da "vida real" do que agora. Talvez isso se deva ao fato de mais pessoas visitarem o blog, ou só porque os colaboradores já aceitaram que certas coisas na vida são uma merda, e reclamar não vai mudar nada. Porém, o ano nunca está completo para mim a menos que eu faça um post ligeiramente maníaco-depressivo e dramático sobre a minha vida. Eu não sei se isso se deve a adolescência ou a minha própria personalidade.
Enfim, eu ODEIO postar essas merdas. É me expor demais, e por isso eu vou deixar esse texto aqui - a salvo num lugar onde sei lá, meus pais não podem ver. Porque SIM, meus pais lêem o NUPE.
Deprimente.
Eu estou num daqueles momentos que você tem vontade de pular na garganta de todo mundo da sua escola. PUTAQUEOPARIU. O que colocam na água daquele colégio?
É tipo, uma epidemia geral de filhaputagem. Nem no Colégio Auschwitz era assim. NEM NO COLÉGIO AUSCHWITZ!
Não que eu queira voltar pra lá, obviamente. Mas todos os dias eu me pergunto como as pessoas do meu novo colégio podem ser absurdamente babacas. Está tipo, além do limite do ser humano. E isso é dizer muita coisa.
Eu não sei até que ponto isso é verdade ou apenas mania de perseguição minha, mas eu quase consigo ouvir as pessoas me xingando quando eu passo no corredor. Eu adoraria saber o que tem de tão errado comigo. Adoraria saber o que essas pessoas falam de mim pelas costas. É claro que eu já tenho algumas dicas: nerd, esquisita, arrogante, grossa, irônica (?), gorda (?)... Isso só que as pessoas me falaram.
É incrível a habilidade das pessoas de te odiarem sem ao menos te conhecer. Mas é algo de se esperar quando as suas próprias amigas fazem questão de te lembrar de cinco em cinco segundos o quão esquisita você é.


Dá vontade de dizer: EU SEI, CARALHO. Agora para de ficar repetindo isso, que só torna tudo pior.
E o pior que eu não sei exatamente o que me torna esquisita. Acho que deve ser alguma coisa no meu rosto, tipo um aviso "ESSA DAQUI É ESTRANHA" na minha testa, que todo mundo pode ver menos eu.
Que tipo de mundo é esse onde as pessoas automaticamente criam rejeição a alguém que elas nem conhecem? É verdade que eu julgo, você julga, todo mundo julga. Mas tudo tem limite.
Usar lápis de olho demais, tirar notas baixas, não gostar de funk (ou gostar), querer ir pra Europa ao invés de ir pra Disney, gostar de anime, gostar de filmes antigos, ser uma pessoa calada... Nada disso molda o caráter de ninguém. Nem dá direito de olhar torto no corredor. Tá na hora desses putinhos pararem de ficar julgando pelas aparências e se olharem no espelho. Será que alguém acha que é NORMAL ficar babando horas em meninos de alargador da faculdade/terceiro ano? Ou fazer fakes na internet, ou ficar se esfregando com garotos que não tem nada na cabeça, ou passar mais de 2/3 da sua semana pensando em garotos?  Ou FICAR COM A CALÇA JEANS ENFIADA NA BUNDA, BRAZEEL? Isso deve incomodar muito na hora de andar!
ISSO É DOENÇA!!!!111
Isso pra mim é tão esquisito quanto ler demais e desenhar na aula deve ser pra elas. NÃO TEM CONDIÇÃO.
Porque diabos eu tenho que parar de gostar de alguma coisa, ou parar de falar o que eu penso para algum imbecil gostar de mim? Sendo que esse imbecil tem direito de gostar das coisas que ele quiser? Porque eu tenho que ser a Miss Simpatia com todo mundo, se no final todo mundo vai falar de mim pelas costas do mesmo jeito?
Isso me lembra uma vez que uma amiga minha disse que nós tínhamos que ser mais sociáveis com o resto da sala, para sermos convidadas para ir no McDonald's e outros lugares idiotas com eles.
Eu não sei se isso é uma boa filosofia de vida, mas eu não vou ficar de risadinha com um bando de imprestáveis fingindo que eu sou algo que eu não sou, tentando me encaixar onde eles não querem que eu me encaixe. Sério, se você vier falar comigo de boa, eu falarei com você, mas se você for escroto comigo, eu me sinto no direito de ser escroto com você. Simples assim.
E eu não quero ouvir nenhuma amiguinha retardada falando que eu deveria ser mais gentil com as pessoas. Principalmente se essa amiguinha no fundo não dá a mínima pra mim, e daqui a alguns meses vai me cumprimentar com sorrisos amarelos e abraços sem-graça.
Eu não ligo se as pessoas vão se sentir ofendidas, ou "não vão gostar de mim".
Não mais.
Eu não ligo se alguém vai ficar achando que eu estou tentando me fazer de "cult", "inteligente", "mais esperta que todo mundo" e ficar incomodado, porque OS INCOMODADOS QUE SE FODAM RETIREM.
Eu não acho que eu sou menos inteligente que alguém porque eu não tiro notas muito altas, e nem acho que eu sou mais porque eu leio muito, por exemplo. Se você acha isso, significa que você é um idiota que acha que inteligência é algo que pode ser medido, e provavelmente tem a auto-estima muito baixa e fica irritado quando alguém te corrige. Existe também a alternativa que você chame as pessoas de "nerd" e automaticamente crie uma rejeição injustificada com pessoas do tipo "intelectual". Eu chamo de "nerdfobia" e é um mal muito grave, que atualmente não possui cura descoberta pela ciência. A única possibilidade de redenção é começar a enxergar além das aparências, o que é praticamente impossível para um portador de nerdfobia. MANO, quem separa pessoas em "nerds" e "não-nerds" no Séc. XXI? Só portadores de nerdfobia.
Ah, e eu também não ligo se uma amiguinha retardada vier pra mim e falar que a outra amiguinha retardada dela não gosta de mim. Porque as duas são umas idiotas, e sinceramente, elas poderiam explodir e eu não ligaria.
Todo esse povo poderia sumir, e eu não conseguiria me importar menos.
É nessas horas que eu me sinto que nem o Holden Caulfield, com vontade de fugir para algum lugar bem longe desses phonies escrotos e esquecer da vida. Se bem que no caso dele não deu muito certo, e no meu daria menos ainda, porque oi, eu não vivo na NY dos anos 40. 
Enfim, já é nobreza o suficiente eu estar desabafando isso num blog deserto, e não socando alguém.



Moral  da história: eu me acho no direito de ser exatamente quem eu sou - sem tirar nem pôr - e usar as roupas que eu quero, ler os livros que eu quero e ter as conversas que eu quero. Se eu estiver afim de usar um vestido xadrez com jeans e coturnos, eu vou usar, caralho. Não importa o jeito que a minha suposta melhor amiga vai me olhar, e nem como ela vai me largar no meio do shopping, para ficar andando com as outras amigas vadias dela. É, isso rolou comigo.
Se você se sente incomodado e quer falar de mim pelas costas, que ÓTIMO. Graças a deus que eu não sou você, porque aí eu estaria condenada a uma existência fútil e hipócrita, que com certeza não vai levar a lugar nenhum. Eu prefiro ser louca, esquisita e metida do que ficar falando mal das pessoas pelas costas, e me fingindo de amiguinha depois. Porque por mais que as minhas amigas me chamem de rabugenta e falem que eu reclamo muito das pessoas, eu NUNCA falei mal de alguém antes dessa pessoa ter feito alguma babaquice comigo. Eu me certifico de que as pessoas são babacas antes de chamá-las de babacas. E não julgo por causa de roupas ou qualquer coisa estúpida assim.
Então vai todo mundo tomar no cu e fica tudo certo.

Agora eu vou voltar para minha caverna e continuar lendo Apanhador no Campo de Centeio. Beijos e boa noite.
Bitches.